A promotoria do Peru convocou o presidente Pedro Castillo a depor em uma investigação por tráfico de influência, organização criminosa e conluio agravado, anunciou a entidade no último domingo.
Há uma semana, o Ministério Público informou que havia ampliado uma investigação contra o presidente de esquerda no caso do consórcio "Puente Tarata III", que busca apurar se um ex-ministro dos Transportes, seis parlamentares, um ex-secretário-geral da presidência e dois sobrinhos de Castillo faziam parte de uma suposta rede criminosa chefiada pelo presidente.
Castillo afirmou na última segunda-feira que é vítima de perseguição política, após a decisão do Ministério Público de incluí-lo na investigação por tráfico de influência e afirmou que vai cooperar com investigação do MP.
A empresária lobista Karelim López acusou o presidente e sua comitiva mais próxima, incluindo os dois sobrinhos, de terem formado uma rede criminosa para adjudicar ilegalmente contratos de obras públicas.
López coopera com a acusação sob o guarda-chuva legal de "colaboração efetiva" (delação premiada). Se suas acusações forem comprovadas, ela poderá obter uma sentença menor se for condenada pelos tribunais.
O escândalo estourou quando a imprensa divulgou os esforços de López com Castillo para que o consórcio conhecido como "Puente Tarata III" ganhasse uma licitação para construir uma ponte na região amazônica de San Martín, a lei peruana impede que um presidente seja processado enquanto estiver no poder. Castillo termina seu mandato em julho de 2026.
Castillo, cujo mandato termina em julho de 2026, já se salvou duas vezes de um impeachment pelo Congresso, controlado pela oposição.
Em Junho o Lula comemorou a vitória do candidato de esquerda nas eleições do Peru.
Lava Jato do Perú e a Corrução envolvendo o PT
O ex-presidente peruano Pedro Pablo Kuczynski foi acusado por envolvimento em escândalo de corrupção ligado à empreiteira brasileira Odebrecht, e renunciou em março de 2018, na véspera de sua cassação no Congresso pelo escândalo da Odebrecht. Ele havia sido eleito em 2016 para um mandato de cinco anos, o ex-presidente do Peru, foi preso preventivamente em 2019 e atualmente responde pelos crimes em liberdade após 36 meses de prisão domiciliar.
Além de Kuczynski, outros três ex-presidentes peruanos estão sendo processados pelo caso Odebrecht, que em 2016 reconheceu ter distribuído dezenas de milhões de dólares em subornos e doações ilegais de campanha no Peru desde o início do século 21.
Dentre as acusações de corrupção estão o manejo ilegal de recursos, entre eles US$ 4,6 milhões repassados por empreiteiras brasileiras, esse dinheiro, descreveu Juárez, saiu de “um fundo pecuniário corrupto sustentado por funcionários públicos da República Federativa do Brasil, pertencentes ao Partido dos Trabalhadores, canalizado pelo Departamento de Operações Estruturadas do grupo Odebrecht”.
De forma similar, a construtora baiana OAS também participou do financiamento ilegal do candidato Humala, que na época venceu nas urnas a líder da direita peruana Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori.
Alejandro Toledo (2001-2006) foi extraditado dos Estados Unidos e está preso. Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018) renunciou e enfrenta processos. Alan García (1985-1990 e 2006-2011) se matou em casa, depois de receber o mandado de prisão. Keiko Fujimori, adversária de Humala, chegou a ser presa, mas conseguiu se livrar de parte das acusações, se candidatou à presidência nas eleições do ano passado e perdeu, de novo.
Segundo o Ministério Público do Peru, durante o governo de Dilma “Lula usou sua condição de ex-presidente para influenciar mandatários latino-americanos, foi o principal lobista das empresas brasileiras, de modo que foi parte vital da corrupção”, declarou o porta-voz peruano.
Enquanto as investigações da Lava Jato peruana avançam o protagonismo de empresas como Odebrecht e OAS no enredo da corrupção política peruana, durante o governo Lula e Dilma, tendem a se refletir como mais um caso de corrupção contra o ex-presidente que virá a tona para refrescar a memória do brasileiro durante a campanha eleitoral em outubro.
Fonte: Veja e Elpais
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