A Autoridade Palestina (AP) disse nesta quinta-feira (12) que recusou o pedido de Israel para conduzir uma investigação conjunta sobre a morte da jornalista do canal Al Jazeera, Shireen Abu Akleh. Isso significa que Israel não será autorizado a examinar a bala que matou a vítima, embora essa seja uma das etapas necessárias para determinar qual dos lados acabou acertando a repórter e, portanto, a real culpabilidade de sua morte.
Abu Akleh foi atingida na cabeça enquanto cobria uma operação israelense em Jenin, na Cisjordânia. Palestinos acusam as Forças de Defesa de Israel (IDF), enquanto que autoridades israelenses que estavam no local afirmam que não dispararam contra a jornalista, mas que os palestinos estavam atirando indiscriminadamente contra os israelenses, e que, portanto, uma dessas balas pode ter atingido a mulher.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Yair Lapid, e o ministro da Defesa, Benny Gantz, entraram em contato com a AP horas após a fatalidade e se ofereceram para realizar uma investigação conjunta, que foi negada. “Israel solicitou uma investigação conjunta e a entrega da bala que assassinou a jornalista Shireen, e nós recusamos isso, e afirmamos que nossa investigação seria concluída de forma independente, e informaremos a família dela, América, Catar e todas as autoridades oficiais sobre os resultados da investigação”, disse o chefe de Assuntos Civis da Autoridade Palestina, Hussein al-Sheikh, no Twitter.
O mesmo funcionário também alegou que “todas as indicações, evidências e testemunhas confirmam o assassinato da vítima por unidades especiais israelenses”. Em resposta, o ministro das Comunicações de Israel, Yoaz Hendel, disse: “Qualquer um que afirme que as Forças de Defesa de Israel mataram a jornalista não o está fazendo com base em uma investigação ou fatos, mas em propaganda. Dissemos que investigaremos, e é isso que estamos fazendo – direta e honestamente”.
Segundo o Canal 12, a análise balística determinou que o tiro foi disparado de uma munição de armamentos da OTAN, de 5,56 × 45 mm, que é usada pelos dois lados, tropas israelenses e terroristas palestinos, incluindo rifles de assalto M16 e M4.
Uma autópsia inicial do corpo de Abu Akleh, realizada por legistas palestinos, descobriu que “não era possível” dizer se ela foi morta por tiros israelenses ou palestinos. O médico legista Dr. Rayan al-Ali, do Instituto Patológico da Universidade a-Najah, enfatizou em entrevista que as descobertas são apenas preliminares e que não se pode determinar exatamente de quão longe a bala foi disparada, mas que não foi de perto.
Enquanto isso, uma investigação inicial interna da IDF descobriu que, embora a vítima provavelmente estivesse perto de palestinos armados, as tropas israelenses não atiraram nela. O correspondente militar e de segurança da Rádio do Exército, Amir Bar-Shalom, disse nesta quinta-feira que a IDF questionou todos os soldados que estavam presentes na área no momento e mapeou fisicamente onde eles estavam no momento em que a bala atingiu Abu Akleh. Segundo um relatório preliminar, nenhum dos atiradores atirou mirando em qualquer alvo em particular, e a prova disso, de acordo com Bar-Shalom, é que não houve palestinos armados feridos. As tropas teriam respondido apenas com tiros precisos, pelo que indica a análise do número de tiros disparados pelos oficiais israelenses e a localização dos projéteis.
Durante o funeral da jornalista da Al Jazeera, o chefe da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, disse que levará o caso ao Tribunal Penal Internacional para "punir os criminosos" por sua morte: “Vamos levar Israel ao TPI, não confiamos neles”. Autoridades israelenses se manifestaram sobre a recusa palestina de colaborar com as investigações na Rádio do Exército de Israel, dizendo que “aqueles que não têm nada a esconder não se recusam a cooperar".
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