Os protestos convocados para esta segunda-feira em Cuba não tiveram peso, após o regime liderado por Miguel Díaz-Canel destacar grandes contingentes de forças de segurança para as ruas, prender dissidentes e impedir outros líderes de oposição de deixarem as suas casas.
As manifestações convocadas pelo grupo que se identifica como Arquipélago foram marcadas para acontecer quatro meses após as grandes e espontâneas mobilizações de 11 e 12 de julho. Os protestos no meio do ano motivaram uma forte repressão do governo. Uma pessoa morreu, dezenas ficaram feridas,1.270 pessoas foram detidas e 658 destas permanecem privadas de liberdade, segundo a ONG de direitos humanos Cubalex.
Há grande dificuldade de obter informações confiáveis da ilha nesta segunda-feira, com poucos veículos com correspondentes destacados e enviando informações recentes. Segundo o El País, os principais líderes da oposição e jornalistas ficaram sitiados em suas casas, e as ruas de Havana não encheram, sendo tomadas por carros de polícia. Houve também contramarchas, convocadas por apoiadores do regime.
Ao longo do famoso calçadão litorâneo da capital, grupos de três policiais foram posicionados em quase todas as esquinas, especialmente no centro da cidade, enquanto agentes de segurança em trajes civis também foram posicionados em praças e parques.
Autoridades cubanas proibiram a realização das manifestações, alegando que são um pretexto inventado por exilados cubanos e pelo governo dos Estados Unidos que querem usar as tensões crescentes dentro de Cuba como desculpa para promover uma mudança de regime. O grupo Arquipélago, que reúne ativistas em vários países, manteve as manifestações.
Vários dissidentes foram presos antes dos protestos. Segundo a Cubalex, houve mais de 60 detenções ou intimidações no domingo e nesta segunda-feira.
O vice-presidente do Conselho de Transição Democrática, Manuel Cuesta Morua, de 58 anos, "foi detido pela segurança do Estado hoje por volta de 13h (15h de Brasília) ao sair de casa" em Havana, segundo sua mulher, Nairobi Scheri. Ele já fora detido brevemente em setembro, e relatara ter recebido ameaças.
A líder do movimento dissidente Damas de Branco, Berta Soler, e seu marido, o ex-político Ángel Moya, também foram presos, segundo anunciou no Twitter a opositora Martha Beatriz Roque. Outro dissidente, Guillermo Fariñas, está detido desde sexta-feira.
O Arquipélago também denunciou a prisão da historiadora da arte, curadora e ativista Carolina Barrero, também cidadã espanhola. Ela estava em prisão domiciliar há vários meses, e teria sido presa ao sair para se manifestar. O grupo exigiu a sua libertação e o fim da perseguição a quem exerce o seu direito de manifestação.
Cinco jornalistas da agência EFE também tiveram as credenciais cassadas pelo regime cubano. Três editores, um fotógrafo e um cinegrafista foram chamados pelo governo cubano para serem informados da decisão de terem suas credenciais retiradas
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