Após ser afastado do cargo por liberar indevidamente um policial militar acusado de corrupção, o juiz militar Ronaldo João Roth foi contemplado com um dos supersalários pagos pelo Tribunal de Justiça Militar (TJM) de São Paulo na virada de 2024 para 2025. Em dezembro, já afastado, Roth recebeu R$ 192 mil líquidos.
Apesar da punição administrativa, que resultou na aposentadoria compulsória, Roth continua a receber salário normalmente — uma prerrogativa garantida aos magistrados nessa condição. Em março deste ano, por exemplo, o juiz aposentado recebeu R$ 36 mil líquidos, mesmo sem exercer a função.
O pagamento integra uma série de remunerações infladas por quinquênios retroativos, também chamados de Adicional por Tempo de Serviço (ATS). O benefício, extinto em 2006, foi ressuscitado por decisão do Conselho da Justiça Federal em 2022. A partir disso, tribunais em todo o país passaram a pagar os atrasados referentes a esse adicional, o que resultou em valores milionários para alguns magistrados.
Segundo apuração do Metrópoles, só em penduricalhos como o ATS, o Judiciário brasileiro empenhou R$ 12 bilhões em um ano. Houve casos de juízes que receberam mais de R$ 1 milhão em apenas um mês. No TJM de São Paulo, 15 magistrados constavam na folha de pagamento de dezembro. Todos eles receberam valores líquidos acima dos R$ 44,4 mil brutos, que até então representavam o teto salarial do funcionalismo público — hoje elevado a R$ 46,3 mil.
Roth, que exibe em redes sociais registros de sua juventude como integrante da ROTA (tropa de elite da PM paulista), se tornou figura central de polêmicas no Judiciário militar nos últimos meses. Seu caso se soma ao debate mais amplo sobre a opacidade e os privilégios salariais no sistema de Justiça brasileiro.
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