O Ministério Público Federal (MPF) pediu que o influenciador Júlio Cocielo seja condenado por racismo, em uma ação que tramita na primeira instância da Justiça Federal. Os pedidos foram feitos em novembro do ano passado — mas divulgados apenas agora pelo órgão.
Os procuradores elencam uma série de mensagens publicadas no Twitter (atual X), entre 2011 e 2018, onde o influencer ataca pessoas negras, de maneira geral ou específica. “O Brasil seria mais lindo se não houvesse frescura com piadas racistas, mas já que é proibido, a única solução é exterminar os negros”, escreveu em uma. Ao falar do atacante (negro) da seleção francesa, disse: “[Kylian] Mbappé conseguiria fazer uns arrastão top na praia hein.”
O MPF não viu nenhum traço de humor nas mensagens — e alertou que a liberdade de expressão existe na Constituição, mas não é um direito absoluto. “Ainda que o réu seja humorista, não é possível vislumbrar tom cômico, crítica social ou ironia nas mensagens por ele publicadas. Pelo contrário, as mensagens são claras e diretas quanto ao desprezo do réu pela população negra”, destacou o procurador da República João Paulo Lordelo, responsável pela ação do MPF. “As publicações do réu não expõem ao ridículo as estruturas de um sistema discriminatório, mas ridicularizam os próprios sujeitos historicamente subjugados. Não é humor; é escárnio”, concluiu.
Cocielo responde pelo crime previsto na Lei de Racismo, que prevê condenação a quem “praticar, induzir ou incitar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. Cada postagem feita separadamente, segundo a análise do MPF, poderá gerar pena de até cinco anos de prisão ao influenciador, considerando-se o agravante de as mensagens terem sido veiculadas em uma rede social.
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