Israel e Hamas superam impasse e mantêm trégua em Gaza

Libertação de reféns está prevista para sábado, mas tensão persiste
Por: Brado Jornal 14.fev.2025 às 09h11
Israel e Hamas superam impasse e mantêm trégua em Gaza
Rovena Rosa/Agência Brasil

Israel e Hamas chegaram a um entendimento para evitar o colapso da trégua em Gaza, após dias de impasse. O grupo palestino recuou da ameaça de interromper a libertação de reféns e confirmou que entregará três prisioneiros israelenses neste sábado (15). A decisão ocorreu depois que caminhões com ajuda humanitária começaram a entrar no enclave na quinta-feira (13).

O governo de Israel sinalizou que manterá o cronograma do acordo, mas alertou que, caso os reféns não sejam soltos, retomará os combates. O anúncio do gabinete do premiê Binyamin Netanyahu pôs fim a três dias de incertezas, intensificadas após declarações do ex-presidente dos EUA, Donald Trump. O republicano defendeu que Israel exigisse a libertação imediata de todos os reféns—cerca de 70—ou encerrasse a trégua, contrariando o acordo previamente estabelecido.

O pacto entre Israel e Hamas foi estruturado em três fases:

  1. Cessar-fogo inicial e troca de prisioneiros: uma trégua de 42 dias, durante a qual 33 reféns israelenses seriam libertados em troca de centenas de prisioneiros palestinos. Até agora, 21 reféns e 730 palestinos foram soltos.
  2. Encerramento da guerra: a libertação dos reféns restantes, majoritariamente soldados, em troca do fim definitivo do conflito. No entanto, a negociação dessa etapa está travada, pois o Hamas exige uma retirada completa de Gaza, enquanto Netanyahu promete continuar a ofensiva até eliminar o grupo.
  3. Reconstrução de Gaza: nesta fase, os corpos dos reféns falecidos seriam devolvidos, e um plano de reconstrução do território, com duração de até cinco anos, seria implementado sob supervisão internacional.

O Hamas acusa Israel de não cumprir integralmente o acordo ao restringir a entrada de equipamentos e abrigos em Gaza. Segundo os termos firmados, a primeira fase do pacto previa a entrega de 60 mil moradias pré-fabricadas e 200 mil tendas, além de maquinário para remoção de escombros. No entanto, apenas as tendas chegaram ao território.

O governo israelense justificou as restrições, argumentando que a entrada de materiais de construção poderia fortalecer a infraestrutura do Hamas. "Não estamos permitindo moradias pré-fabricadas ou equipamentos pesados sem uma justificativa clara", afirmou o porta-voz israelense Omer Dostri.

Apesar da manutenção da trégua, as diferenças entre Israel e Hamas permanecem profundas, tornando incerto o avanço para as próximas fases do acordo.



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