O presidente Lula deflagrou uma crise diplomática no domingo, 18, ao comparar a reação do governo israelense em Gaza aos ataques do grupo terrorista Hamas à execução de milhões de judeus no Holocausto. A julgar pelas palavras do embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, a relação, que já não era boa, se deteriorou bastante após o ataque retórico do petista.
“A relação política é importante, mas não é a única. São vários setores envolvidos: economia, tecnologia, defesa, por exemplo. Não cortamos relações, mas a corda está frágil”, disse o diplomata ao Estadåo.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que o” presidente Silva desonrou a memória dos 6 milhões de judeus assassinados pelos nazistas”. “Ele demonizou o Estado judeu como o antissemita mais virulento. Ele deveria ter vergonha de si mesmo”, completou Netanyahu, em discurso televisionado.
Zonshine engrossou o coro: “Foi uma coisa fora da linha. Meu sentimento se coaduna com o que foi dito pelo primeiro ministro”.
Itamaraty
Lula disse o seguinte durante entrevista a jornalistas no hotel em que estava hospedado em Adis Abeba, capital da Etiópia: “Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”.
O governo israelense convocou do embaixador brasileiro para prestar explicações. Ele vai se apresentar formalmente à chancelaria de Israel nesta segunda-feira, 19. Só depois o Ministério das Relações Exteriores brasileiro deve se manifestar.
Ao contrário do Itamaraty, o Palácio do Planalto emitiu uma nota no próprio domingo, para dizer que Lula “condenou desde o dia 7 de outubro os atos terroristas do Hamas”. “O fez diversas vezes. E se opõe a uma reação desproporcional e ao sofrimento de mulheres e crianças na Faixa de Gaza”, completa a mensagem.
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