Em meio a crescentes tensões comerciais no cenário internacional, a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, embaixadora Tatiana Rosito, fez um alerta contundente nesta terça-feira (22): o avanço de políticas protecionistas está minando a confiança dos investidores e obrigando instituições internacionais a reverem para baixo suas projeções de crescimento econômico.
A declaração ocorreu durante a reunião de ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais do Brics — bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — realizada paralelamente aos encontros de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, em Washington.
“Nos últimos anos, a economia global mostrou resiliência diante de sucessivos choques. Contudo, a recuperação vem se dando de forma desigual. O surgimento unilateral de posturas protecionistas compromete esse processo”, afirmou Rosito, em referência às recentes medidas tarifárias adotadas por grandes economias, em especial os Estados Unidos.
A secretária destacou que a escalada protecionista, como a promovida pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump, está criando um ambiente de incerteza que afugenta investimentos e ameaça o desenvolvimento sustentável. “Instituições financeiras internacionais já começaram a revisar suas projeções de crescimento. Os impactos totais ainda são desconhecidos, mas os sinais são claros: o risco está aumentando”, acrescentou.
Representando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Rosito também sublinhou o papel do Brics como um “fator de estabilidade” em um contexto global adverso. Durante sua participação, ela reforçou o compromisso do Brasil com temas como a governança global e a pauta climática, em preparação para a Conferência do Clima da ONU (COP30), que ocorrerá em 2025, em Belém (PA).
Paralelamente às discussões no Brics, o FMI reduziu, na mesma terça-feira, sua estimativa de crescimento para o Brasil em 2025 e 2026. A nova projeção aponta expansão de 2% ao ano — uma queda de 0,2 ponto percentual em relação às previsões de janeiro, conforme detalhado no relatório World Economic Outlook.
Segundo o Boletim Focus do Banco Central, o mercado também projeta crescimento modesto: 2% para 2025 e 1,7% para 2026, refletindo o clima de cautela que domina a economia global diante das incertezas geopolíticas e comerciais.
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