Em uma mudança significativa em sua política migratória, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta terça-feira (4) uma série de medidas destinadas a restringir a entrada de imigrantes na fronteira com o México.
Essas ações incluem a possibilidade de Biden fechar temporariamente a fronteira e autorizar policiais a deportarem pessoas que atravessarem a fronteira sem terem seus pedidos de asilo processados. Atualmente, os imigrantes têm o direito de solicitar asilo ao chegarem aos EUA.
Essas medidas, consideradas as mais radicais de sua gestão até o momento no que diz respeito à política migratória, são interpretadas como uma tentativa de conquistar votos de um eleitorado insatisfeito com o alto número de imigrantes que têm entrado no país recentemente.
As ações foram anunciadas por meio de uma ordem executiva, que só pode ser anulada por vias judiciais. No início de sua gestão, Biden assinou uma ordem executiva reabrindo as fronteiras com o México, que haviam sido fechadas por Trump durante a pandemia, e suspendendo as deportações.
A ordem estabelece que:
Segundo a Casa Branca, essas ações só entrarão em vigor “quando os níveis elevados de chegadas na fronteira sul excederem nossa capacidade de receber o número de pessoas”.
O governo Biden argumenta que o pacote “facilitará a imigração legal para remover aqueles sem base legal para entrar no país”.
De acordo com fontes do governo consultadas pela Associated Press, o texto da ordem executiva estava em fase finalização há semanas, mas Biden decidiu esperar o resultado das eleições no México, que ocorreram no domingo (2), e nas quais a candidata do governo, Claudia Sheinbaum, saiu vitoriosa.
A assinatura da ordem executiva está prevista para esta tarde em uma cerimônia na Casa Branca, para a qual Biden convidou uma série de prefeitos, incluindo republicanos, de cidades no Texas que fazem fronteira com o México.
Esta é a segunda tentativa de Biden de regular a entrada de imigrantes nas fronteiras com o México. A primeira foi um acordo bipartidário feito por democratas e republicanos, que acabou não sendo aprovado após deputados republicanos desistirem dele a pedido do ex-presidente Donald Trump.
Trump percebeu que Biden se beneficiaria eleitoralmente da aprovação do projeto de lei, visto que a opinião pública sobre a entrada de imigrantes mudou após um recorde histórico em dezembro de 2023, quando cerca de 250 mil pessoas tentaram entrar nos EUA pela fronteira com o México. Esse número caiu pela metade em abril deste ano, segundo dados do governo dos EUA.
No entanto, Biden quer evitar que as entradas aumentem até novembro, quando ocorrem as eleições do país.
A medida pode complicar a relação dos EUA com o novo governo mexicano. Em seu discurso após vencer as eleições, Claudia Sheinbaum afirmou que “sempre defenderemos os mexicanos que estão do outro lado da fronteira”. Biden, ao parabenizá-la, expressou o desejo de “trabalhar de perto com a presidente eleita Sheinbaum no espírito de colaboração e amizade que reflete os laços duradouros entre os dois países”, sem mencionar a questão migratória ou a ordem executiva.
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