A cinco dias do primeiro turno das eleições de 2022, as campanhas dos principais candidatos à Presidência da República refletem a polarização e o acirramento da disputa. Se as primeiras propagandas no horário eleitoral gratuito tinham como foco promessas aos eleitores, assim como as marcas dos seus governos e trajetórias políticas, agora, o tom é de ataques e troca de farpas mútuas. Nesta terça-feira, 27, a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por exemplo, exibiu vídeos com denúncias sobre o envolvimento de ministros do governo Bolsonaro em casos de corrupção, assim como trechos declarações polêmicas. Entre os vídeos, a campanha petista mostra Paulo Guedes se posicionando contra o reajuste dos servidores e falando para “deixar cada um se fud** do jeito que quiser”; expõe vídeo de uma reunião onde o ex-ministro Ricardo Salles, candidato a deputado federal investigado por tráfico de madeira ilegal, fala para ir “passando a boiada” no regramento ambiental enquanto a imprensa focava na Covid-19; aponta Eduardo Pazuello como um “ministro omisso denunciado por corrupção” pela CPI da Covid-19; e mostra Abraham Weintraub, também ex-ministro e então braço direito de Jair Bolsonaro, afirmando que o “bolsonarismo se corrompeu”, além de apresentar falas de Milton Ribeiro, ex-ministro preso pela Polícia Federal, sobre escândalo no Ministério da Educação: “Foi um pedido especial que o presidente da República fez”, afirma o ex-membro do governo. Na sequência, a propaganda de Lula traz uma declaração do ex-presidente sobre esperança – principal norte da campanha petista – e retomada de fé no país. “Você vai voltar a dizer outra vez aquilo que falava em 2005: ‘Eu sou brasileiro e não desisto nunca'”, exaltou o candidato, que detém o maior tempo de televisão entre os concorrentes à Presidência.
A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, não ficou atrás e também apresentou estratégia semelhante ao petista. Entretanto, o grande diferencial é que a propaganda do atual mandatário não faz referências ou menções ao próprio presidente da República, candidato à reeleição e que figura em segunda posição nas pesquisas eleitorais. A peça eleitoral buscou exaltar aos espectadores e eleitores as condenações do ex-presidente Lula por crimes como corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Para isso, a campanha usou trechos de reportagens e jornais, de diversas emissoras, em que os repórteres ou apresentadores falavam sobre as condenações do petista. “Condenação de Lula no caso do triplex está confirmada por três instâncias da justiça. Lula é o primeiro ex-presidente da república preso. Foram mais de sessenta delações no processo”, diziam trechos dos vídeos. Em outro momento, fragmentos da delação de Antonio Palocci também foram apresentados, mostrando momento em que ele afirma que o ex-presidente recebe R$ 300 milhões em propinas. “Eu fui julgado, fui considerado inocente”, diz Lula na sequência, em vídeo criticado pela campanha do Partido Liberal. “A pior e maior mentira dessa eleição é dizer que Lula foi inocentado. (…) O povo precisa saber da verdade. E é vergonhoso para o país ter um cara como ele disputando uma presidência”, aponta o vídeo, que traz ainda um história fictícia de um ladrão para explicar a anulação das condenações do ex-presidente e refutar as afirmações de inocência.
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