Em um aceno explícito ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, nesta sexta-feira, 26, que “gostaria de estar” com o chefe do Executivo mineiro “desde o primeiro momento”. O político do Novo busca a reeleição, lidera as pesquisas de intenção de voto no Estado, segundo maior colégio eleitoral do país, mas apoia a candidatura presidencial do empresário e cientista político Luiz Felipe d’Avila, que na maioria dos levantamentos divulgados até o momento não chega sequer a um ponto percentual. Em Minas, o candidato apoiado por Bolsonaro é o senador Carlos Viana (PL).
“O Zema, no meu entender, vem fazendo um bom governo em Minas Gerais. Conversei com ele algumas vezes para aproveitar e fazer um casamento ali. O partido resolveu que tinha que ter um candidato a presidente e do meu lado apareceu o Carlos Viana. Conversei com o Viana e não posso deixar, como estive agora em Betim e Belo Horizonte, sem ter alguém para me ajudar a organizar comício, motociata, entre outras coisas. Conversei com o Viana, não vamos fazer oposição ou criticar o Zema, até porque ele fez um bom governo lá. Nós temos um opositor comum, que é o tal do Kalil, apoiado pelo PT. O Viana não vai ficar com ciúmes do que eu estou falando isso aqui. Ele sabe e foi combinado isso aqui: eu gostaria de estar com o Zema desde o primeiro momento, mas o partido dele resolveu lançar uma candidatura própria”, disse Bolsonaro.
Em razão da resistência de Zema em apoiar Bolsonaro, coordenadores da campanha presidencial traçaram um plano para “amarrar” o governador do Novo em um eventual segundo turno na eleição local. Aliados avaliam que a postulação do senador Carlos Viana pode ser o fiel da balança para impedir que o pleito seja decidido em primeiro turno. A decisão de levar a postulação do parlamentar até o fim foi acertada no início deste mês, em uma reunião no Palácio do Planalto que contou com a presença de Bolsonaro, do senador Flávio Bolsonaro e do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, além do próprio Viana. O entorno do presidente da República avalia que a candidatura do senador mineiro aumentam as chances de um segundo turno no Estado. De acordo com pesquisa Datafolha divulgada no dia 18 de julho, Viana aparece bem atrás dos dois principais candidatos. Zema lidera com 47% das intenções de voto, ante 23% do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), que conta com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com exposição no rádio e na TV, interlocutores de Viana apostam em um crescimento nas próximas semanas, o que tem potencial para impedir uma vitória do governador do Novo ainda no primeiro turno. Desta forma, em um eventual embate com Kalil, Zema ficaria obrigado a declarar apoio e abrir seu palanque para Bolsonaro, acreditam pessoas próximas ao chefe do Executivo federal.
Há diversas razões para explicar a preocupação com o palanque em Minas Gerais. Segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral do Estado (TRE-MG), são 16.290.870 mineiros e mineiras aptos a votar, o que representa 10,41% do eleitorado nacional. Além da questão estatística, há, ainda, um dado histórico: desde 1989, o candidato à Presidência da República que foi eleito também foi o mais bem votado no Estado.
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