Agora oficialmente candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PL) chega à reta final do mês de julho em uma condição incomum: nunca um presidente chegou à convenção partidária em busca da reeleição em desvantagem na corrida pelo Palácio do Planalto. Apesar da diferença para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) captada pelas pesquisas de intenção de voto, a cúpula do Partido Liberal estima que o mandatário do país deve se beneficiar com a aprovação da PEC das Bondades, que criou e turbinou benefícios sociais a menos de três meses do pleito, subir de três a cinco pontos percentuais nas próximas pesquisas de intenção de voto e virar o primeiro turno da eleição presidencial na frente do petista – o comando da campanha já previu empate entre os dois em maio, em julho e no início de agosto.
A avaliação foi feita por quatro dirigentes do PL – um destes quadros, inclusive, integra o núcleo duro do bolsonarismo em São Paulo, maior colégio eleitoral do país. De acordo com a projeção mais pessimista deste grupo, a PEC das Bondades deve render três pontos percentuais a Bolsonaro. O aliado mais otimista estima que o crescimento pode chegar a cinco pontos. Como a Jovem Pan mostrou, a proposta de emenda à Constituição sancionada pelo Congresso no dia 14 de julho, é vista por coordenadores da campanha como “a cartada mais arrojada” para melhorar o desempenho do mandatário do país nas pesquisas de intenção de voto e evitar a possibilidade de vitória de Lula no primeiro turno da disputa, como apontado pelo Datafolha em levantamento divulgado no dia 23 de junho. Dentro da oposição – em especial no PT, partido de Lula – o crescimento também era precificado. Os petistas, no entanto, divergem sobre o tamanho do impacto na corrida presidencial, uma vez que entre o pagamento da primeira rodada de R$ 600 do Auxílio Brasil e o primeiro turno da eleição haverá um prazo inferior a dois meses.
Os aliados de Bolsonaro também se apoiam na gradativa redução dos preços dos combustíveis, causada, entre outros fatores, pela queda no valor do barril do petróleo e pela instituição do teto do ICMS, para prever uma melhora no desempenho do presidente nas pesquisas. Terminar o primeiro turno do pleito na liderança é, historicamente, muito importante. Desde a redemocratização, seis eleições presidenciais tiveram dois turnos (1989, 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018). Em nenhuma delas houve uma virada, ou seja, o candidato que liderou o primeiro turno foi eleito na rodada final. Em 2018, Bolsonaro conquistou 46,03% dos votos válidos na primeira etapa de votação, ante 29,28% do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT). Mesmo em 2014, quando a então presidente Dilma Rousseff (PT) venceu Aécio Neves (PSDB) por menos de 3,5 milhões de votos de diferença no segundo turno, a petista encerrou o primeiro turno na liderança, com 41,59% dos votos válidos, contra 33,55% do tucano.
De acordo com a pesquisa Datafolha divulgada no dia 23 de junho, Lula tem 47% das intenções de voto. Bolsonaro, por sua vez, 28%. Neste cenário, o ex-presidente chegaria a 53% dos votos válidos, mais do que a soma de todos os outros concorrentes, e venceria no primeiro turno. Segundo relatos feitos à Jovem Pan, pesquisas internas da campanha bolsonarista captam uma diferença menor entre os dois principais concorrentes, mas com uma vantagem do petista. Na convenção do domingo, 24, que oficializou a candidatura de Bolsonaro à reeleição, o presidente exaltou feitos de seu governo e explorou o contraponto com Lula, a quem chamou de “bandido”, “cachaceiro” e “descondenado”, em referência às condenações anuladas pela Justiça. A menos de 70 dias para o primeiro turno, este deve ser o tom da disputa.
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