Governo vê PEC das Bondades como ‘xeque-mate na oposição’ e trunfo para crescimento de Bolsonaro nas pesquisas

Aliados do Planalto ouvidos pela Jovem Pan classificam proposta como ‘cartada mais arrojada’ para influenciar resultado das eleições e medida capaz de impedir vitória do ex-presidente Lula no primeiro turno
Por: Brado Jornal 08.jul.2022 às 15h36
Governo vê PEC das Bondades como ‘xeque-mate na oposição’ e trunfo para crescimento de Bolsonaro nas pesquisas
Marcos Corrêa/PR

A ala política do Palácio do Planalto e a base aliada do governo no Congresso Nacional não escondem a euforia com a provável aprovação da chamada PEC das Bondades, que institui o estado de emergência no Brasil para viabilizar a ampliação e a criação de programas sociais, como a transferência de renda para caminhoneiros, motoristas de táxis, famílias inscritas no Auxílio Brasil e no vale-Gás. Minutos antes da publicação desta reportagem, a votação na Câmara dos Deputados foi adiada em razão do baixo quórum – 427 deputados haviam registrado presença. Apesar das críticas de economistas e especialistas em contas públicas, que afirmam que a proposta resultará no aumento da inflação e do juros, interlocutores do presidente Jair Bolsonaro e coordenadores da campanha à reeleição disseram que a medida, em votação a menos de três meses do pleito, é “a cartada mais arrojada” para melhorar o desempenho do mandatário do país nas pesquisas de intenção de voto e evitar a possibilidade de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno da disputa, como apontado pelo Datafolha em levantamento divulgado no dia 23 de junho.


Em reservado, um ministro do governo disse à reportagem que o grande feito da proposta foi ter dado “um xeque-mate na oposição”. Na votação no Senado, apenas o senador José Serra (PSDB-SP) votou contra o texto. Na comissão especial da Câmara, o parecer do deputado Danilo Forte foi aprovado por 36 votos a 1 – o deputado federal Alexis Fonteyne foi o único a rejeitar o relatório. Ao longo das últimas semanas, deputados e senadores de partidos de oposição e independentes criticaram a iniciativa governista, classificaram a medida como eleitoreira, mas votaram a favor. Dentro do PT, prevalecia o argumento de que boa parte dos itens incluídos no projeto, como o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600, vinham sendo defendidos há meses. “O Brasil precisa de novos programas sociais para enfrentar a carestia e a fome, mas não a três meses da eleição. A PEC fere a Constituição, é criminosa e se agrava porque reconhece estado de emergência com desonestidade intelectual: estamos denunciando há três anos e seis meses a dolarização dos preços dos combustíveis. A emergência, na verdade, é incompetência de Bolsonaro em encontrar uma alternativa para a política de preços”, disse o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (PT-MG). “O PT nunca faltou ao povo brasileiro. Nós sempre defendemos o auxílio emergencial de 600 reais. Se o Parlamento tivesse coerência, aprovava a PEC depois das eleições, mas não é o que vai acontecer”, acrescentou o petista.


Entre aliados de Bolsonaro no Congresso, a avaliação é a de que o governo federal soube ouvir e atender os “anseios da população brasileira”. “[A aprovação da PEC] É grande resposta para a sociedade e para brasileiros vulneráveis nesse momento ímpar. Não podemos ficar de braços cruzados e insensíveis a esses problemas econômicos, com inflação subindo, com preço dos combustíveis em elevação”, diz o deputado federal Sanderson (PL-RS), vice-líder do governo na Câmara, em vídeo. “Mesmo com a oposição batendo e com o Novo votando contra, tivemos a responsabilidade de aprovarmos, com larga margem, na comissão especial. E agora, no plenário da Câmara, estamos muito tranquilos de que teremos, com tranquilidade, os 308 votos necessários para aprovar a PEC”, segue o parlamentar gaúcho. “É uma medida importante do governo nesse momento de crise mundial. O governo aumenta sua arrecadação com a venda da Eletrobras e com o aumento dos lucros da Petrobras, recebe esses lucros e devolve para quem é dono dele: o povo brasileiro. [A PEC] Aumenta o Auxílio Brasil em 600 reais, dando auxílio de mil reais para os caminhoneiros, cria subsídio para transporte, para os aposentados, idosos, taxistas”, diz o deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM), outro vice-líder do governo na Casa. “Vamos enfrentar a obstrução da oposição, que é sempre contra votar alguma coisa que é para benefício do brasileiro. O governo Bolsonaro está fazendo a sua parte”, afirmou o deputado Coronel Tadeu (PL-SP).. “Os deputados estarão sensíveis ao objeto dessa PEC. Seria hipocrisia não querer votar com o povo nesse momento”, finaliza o parlamentar.




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