Em seu segundo dia de agenda no Brasil, o presidente da França Emmanuel Macron criticou nesta quarta-feira, 27, o acordo entre os países do Mercosul e a União Europeia: "É um péssimo acordo porque foi negociado há 20 anos". No entanto, o presidente francês defendeu que é possível reconstruí-lo, pensando o mundo contemporâneo, sobretudo as preocupações com a biodiversidade e o clima. O projeto atual, salientou, não contempla essas demandas. "Acho que tem que se considerar [no acordo] a biodiversidade e o clima, e isso não está, por isso não dá para defender, eu não defendo."
O presidente da França pretendia evitar o acordo, que é motivo de divergências entre Brasil e França, e focar na “agenda comum” para os dois países, mas sabia que o livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia não poderia ser contornado. As discussões não estavam previstas na agenda oficial do francês ao Brasil. O tema, porém, foi trazido por empresários brasileiros durante reunião a portas fechadas. Em nota antes do discurso, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) disse que defenderia na reunião privada do francês com empresários brasileiros o avanço do acordo. “Então precisamos deixar de lado noções de algo construído 20 anos atrás e buscar um novo acordo, construído com base em novos objetivos, que tenha o a luta contra o desmatamento, as mudanças climáticas e a luta pela biodiversidade no centro das prioridades”, continuou Macron.
A França é opositora do acordo entre os dois blocos. O primeiro-ministro francês disse nesta terça-feira, 26, que o país é contra a assinatura do tratado. Para o acordo ser celebrado, é necessária a assinatura de todos os 27 países membros da União Europeia e de Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, membros do Mercosul.
Macron participou do evento junto com o vice-presidente Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Em um discurso anterior, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que tem esperanças de ver o acordo avançar em breve. Lula optou por não participar da viagem a São Paulo depois de encontrar Macron em Belém e Itaguaí. Os dois se reunirão novamente amanhã em Brasília. Com Macron estiveram na capital paulista: Stéphane Sejourné, ministro da Europa e dos Assuntos Exteriores, e Chrysoula Zacharopoulou, secretária de Estado para o Desenvolvimento e Parcerias, além de uma delegação de mais de 140 representantes de empresas francesas.
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