Pagamento dos benefícios sociais abre nova fase da campanha e cria ‘guerra de narrativas’ entre Lula e Bolsonaro

Pacote social soma mais de R$ 41 bilhões a serem distribuídos até dezembro; apoiadores do governo apostam nos benefícios para alavancar campanha e petistas falam em manobra eleitoral
Por: Brado Jornal 09.ago.2022 às 17h47
Pagamento dos benefícios sociais abre nova fase da campanha e cria ‘guerra de narrativas’ entre Lula e Bolsonaro
Foto: Divulgação

O novos benefícios sociais criados ou expandidos pela PEC das Bondades, que foi a Emenda à Constituição que declarou estado de emergência no Brasil para viabilizar novos programas de transferência de renda a menos de três meses das eleições, começam a ser pagos nesta terça-feira, 9. O pacote social inclui pagamentos mensais de R$ 600 para as famílias beneficiárias do Auxílio Brasil; acréscimo médio de R$ 53 no valor do Vale Gás; o Pix Caminhoneiro, com transferência mensal de R$ 1 mil, assim como o voucher taxistas, também com pagamentos de R$ 1 mil aos trabalhadores. O início dos pagamentos marca uma nova fase da campanha: uma espécie de guerra de narrativas entre os dois candidatos que polarizam a disputa à Presidência da República: de um lado, gera entusiasmo de aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), que apostam no pacotão de benefícios para ultrapassar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas; do outro, o núcleo duro do PT tem feito vídeos e pronunciamentos abordando o “caráter eleitoreiro” das medidas. Nas redes sociais, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) exaltou a nova etapa de pagamentos, que segue com os valores extras até dezembro deste ano, reforçando que 20,2 milhões de famílias serão beneficiadas com os R$ 600 mensais do Auxílio Brasil, enquanto o Auxílio Gás chegará a 5,6 milhões de lares a cada dois meses. “É proteção social e cuidado com quem mais precisa”, escreveu no Twitter. Também na rede social, o ministro da Educação, Victor Godoy, compartilhou uma foto para marcar os novos pagamentos. “Dia muito importante para o Brasil. Ministros reunidos para acompanhar o início do pagamento do Auxílio Brasil, agora permanente para as famílias aprovadas no programa”, escreveu. 


O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, expoente do Centrão, afirmou que o pacote de benefícios é fruto de “um líder forte, de um governo forte, com finanças fortes e uma forte relação com o Legislativo”. “O Novo Auxílio é a prova de que o Brasil já sabe qual é o caminho e não pode voltar atrás”, afirmou, questionando por que filiados do PT não estariam comemorando os novos valores de distribuição. “Surfistas do caos ficam na areia quando a onda da bonança e do otimismo bate esplendorosamente na praia”, concluiu. Também à frente de um ministério, Daniel Ferreira, do Desenvolvimento Regional, falou em “dia histórico”, exaltando ser o maior programa social já feito. “Inicia o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 600, com mais 2,2 milhões de famílias beneficiadas, chegando a 20,2 milhões de famílias recebendo o benefício”, escreveu. Por sua vez, o deputado federal José Medeiros (PL-MT), um dos vice-líderes do governo na Câmara dos Deputados, exaltou a queda no desemprego e os benefícios. “O Bolsa Família do PT era menos de R$ 200, hoje o auxílio Brasil é R$ 600. O desemprego estava acima de 13 milhões de desempregados, Hoje é menos de 9 milhões”, escreveu. 

O valor total a ser empenhado pela União para viabilizar as ações ultrapassa os R$ 41 bilhões. A menos de dois meses do primeiro turno, o conjunto de benefícios é a aposta do governo para alavancar a campanha à reeleição de Bolsonaro e subir nas pesquisas de intenção de voto, reduzindo a diferença com o primeiro colocado: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que soma 18 pontos de vantagem, segundo o último Datafolha. Como a Jovem Pan mostrou, a cúpula do PL estima que a PEC das Bondades e a gradativa redução dos preços dos combustíveis podem render de três a cinco pontos percentuais para o presidente da República. Entre os petistas, inclusive, este crescimento é esperado. E, embora tenham votado a favor do pacote de bondades, deputados e senadores da oposição têm criticado o caráter eleitoreiro do texto e centrado esforços em uma campanha de conscientização da população. “Ninguém se engane com Bolsonaro. Os benefícios sociais que estão sendo distribuídos hoje acabarão em dezembro. Ele não se preocupa com o povo, somente com sua eleição”, escreveu Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, ao compartilhar um vídeo nesta terça. “Quem está precisando tem mais é que pegar esses auxílios, mas não se engane com Bolsonaro”, afirmou na gravação. No início do mês de julho, integrantes do partido já haviam divulgado um vídeo criticando o caráter efêmero dos benefícios. “Com medo do Lula, o governo aumento o valor do Auxílio Brasil e do vale-gás, mas só dura até a eleição. É igual a picolé: chupou, acabou”, diz narração da produção, ao mesmo tempo que mostra picolé derretendo. “E para o povo, sobra só o palito”, completa a mensagem.

O ex-presidente Lula também criticou o “uso eleitoreiro” do Auxílio Brasil. Em sabatina na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) nesta terça-feira, 9, ele afirmou que o pacote representa a “maior distribuição de dinheiro que uma campanha já viu”, reforçando que a população deve ficar atenta, porque os benefícios são apenas momentâneos, com validade até o fim do ano. “Um dos adversários fazendo a maioria distribuição de dinheiro que uma campanha política já fez desde o fim do Império. Há de se perguntar se o povo vai aceitar pacificamente a retirada de um benefício que ele está recebendo pelas eleições. Isso é muito grave, a sociedade brasileira precisa ficar atenta. O sinal do comportamento de alguém para ganhar a eleição não é tranquilo”, afirmou o petista, que também criticou o “clima de irritação” e disse que Brasil atual é “muito pior” que em 2003.



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