O presidente do conselho de administração da Petrobras, Marcio Weber, convocou o colegiado para uma reunião extraordinária nesta quinta-feira (16) para discutir os preços dos combustíveis, tema de embate entre o governo e a direção da estatal.
Não foram divulgados detalhes da pauta, mas fontes esperam a apresentação de uma proposta para segurar reajustes. O convite enviado aos outros dez conselheiros diz apenas que o encontro vai "tratar do assunto 'Aumento de Preços'".
Com os preços da gasolina e, principalmente, do diesel bem abaixo das cotações internacionais, a Petrobras vem sinalizando que fará reajustes, mas é pressionada para segurar aumentos enquanto o governo corre para aprovar um pacote de medidas para beneficiar o consumidor.
Na quarta (15), o Congresso concluiu a votação de projeto de lei que estabelece um teto para alíquotas do ICMS sobre os combustíveis, que pode reduzir o preço médio da gasolina em R$ 0,657 por litro, segundo projeção do consultor Dietmar Schupp.
Na semana que vem, o Congresso debate a chamada PEC dos combustíveis, que autoriza o governo a zerar impostos federais sobre a gasolina e compensar estados que se dispuseram a reduzir o ICMS sobre o diesel e o gás de cozinha.
Com as medidas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) espera uma redução total de R$ 2 por litro no preço da gasolina. O preço do diesel cairia R$ 1, segundo as contas do presidente.
Durante a semana, o governo tentou convencer a Petrobras a evitar reajustes neste momento, para que os benefícios cheguem ao bolso do consumidor antes que novos aumentos nas refinarias ofusquem os efeitos da redução de impostos.
O setor de combustíveis alega, porém, que o repasse demorará, já que as distribuidoras têm estoques comprados ainda com as alíquotas atuais. O benefício, porém, depende da renovação dos estoques, o que deve ocorre totalmente em dez a quinze dias.
A Petrobras não quis comentar o assunto. Na semana passada, em resposta a notícias sobre a pressão para segurar preços, a empresa divulgou uma nota reforçando a defesa de sua política comercial, que prevê o acompanhamento das cotações internacionais.
"A prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado é condição necessária para que o país continue sendo suprido sem riscos de desabastecimento pelos diversos agentes", afirma a companhia, que vem alertando o governo para riscos de falta de produtos no segundo semestre.
A decisão por reajustes não depende de aval do conselho de administração. É tomada por um comitê formado pelo presidente da companhia, José Mauro Coelho, e pelos diretores de Finanças e Comercialização e Logística, Rodrigo Araújo e Cláudio Mastella.
Coelho foi demitido por Bolsonaro no fim de maio. Seu substituto, Caio Paes de Andrade, porém, precisa ser aprovado em assembleia de acionistas, que ainda não tem data para ocorrer.
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