Muitas pessoas, ao invés de adquirir um automóvel, estão recorrendo a aluguéis até mesmo anuais. A pandemia do coronavírus provocou ainda outra mudança de comportamento. Para evitar aglomerações em aeroportos e rodoviárias e também evitar deslocamentos em ônibus e aviões, muita gente acaba optando por viajar de carro. De acordo com dados da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis, o setor de locação emplacou 78.578 novos carros no primeiro trimestre de 2022. A frota total de automóveis e comerciais leves das locadoras cresceu 3,2% nos últimos três meses. Essa subida foi alavancada por modalidades como carro por assinatura e a terceirização de frotas para empresas privadas. A frota de veículos para locação cresceu 12,8% em 2021. O faturamento bruto do segmento que tem, no Brasil, 13.903 locadoras ativas registrou um salto de 33,5% no ano passado, chegando a R$ 23,5 bilhões.
O diretor de vendas de uma locadora de veículos, Paulo Henrique Pires, fala sobre esse novo cenário: “A medida que a pandemia foi avançando, em um contexto muito de dólar, de alta, principalmente no primeiro verão de pandemia, o carro se tornou a opção de se deslocar. Além disso, o carro oferece uma sensação de segurança, você se sente numa bolha. As pessoas passaram a ter essa confiança no carro, como alternativa de mobilidade para viagem. Apesar de toda a tragédia que foi a pandemia, a quantidade de mortes, tudo que a gente perdeu, uma das consequências foi as pessoas descobrirem as alternativas de turismo próximas e passarem a considerar o carro como alternativa muito boa de mobilidade de viagem”.
O coach de treinamento comportamental Saulo Bocaneira viaja bastante e roda quase 3 mil quilômetros por mês. Ele conta que tinha um carro que dava muito problema, até que decidiu se livrar das contas que envolvem um veículo e alugar um outro automóvel mensalmente. “Tudo incluso. Seguro, IPVA, documentação. A cada 10 mil [quilômetros] que você faz, uma revisão no veículo, é tudo por conta deles”, conta. Para quem se adaptou a esse modelo, comprar um veículo agora somente se for o dos sonhos e, mesmo assim, fazendo as contas na ponta do lápis para ver se vale a pena. “Para o dia a dia, [tendo] um carro básico, econômico, eu não compro mais caro. Só vou comprar o carro dos sonhos agora. E dependendo da situação, se eu ver um carro dos sonhos que está compensando pelo valor, não sei nem se eu como. Eu prefiro o alugado”, comenta o coach.
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