A Voepass Linhas Aéreas atravessa uma de suas crises mais severas. Em carta enviada aos funcionários na segunda-feira (14), o cofundador e presidente da companhia, José Luiz Felício, anunciou o desligamento de uma “parte significativa” do quadro de colaboradores. A medida afeta tripulantes, profissionais de apoio e trabalhadores de aeroportos. A empresa, no entanto, não informou o número exato de demitidos.
O enxugamento do quadro de pessoal é consequência direta da suspensão temporária das operações da empresa, imposta pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em 11 de março. Em sua comunicação interna, Felício afirmou que a situação financeira da companhia foi “profundamente abalada” pela medida, que se soma aos impactos do trágico acidente de agosto de 2024, quando uma aeronave da Voepass caiu em Vinhedo (SP), deixando 62 mortos.
“O impacto dos acontecimentos recentes forçou nossos órgãos decisores a aceitar que precisamos dar alguns passos para trás para garantir a continuidade da missão da empresa”, escreveu Felício. A missão, segundo ele, é conectar o interior do Brasil aos grandes centros urbanos.
A decisão da Anac de suspender as operações teve como base a reincidência de irregularidades operacionais. Uma auditoria realizada após o acidente constatou falhas já apontadas anteriormente e não corrigidas, o que resultou, segundo a agência, em uma “quebra de confiança” da companhia.
A suspensão segue válida até que a Voepass comprove, de forma satisfatória, que resolveu os problemas de gestão apontados. “A correção de não conformidades relacionadas aos sistemas de gestão” é o principal entrave para a retomada dos voos, segundo a agência reguladora.
Crise se aprofunda com impasse judicial
A situação da companhia foi agravada por um revés na Justiça. Também em março, o Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu uma decisão que obrigava a Latam a pagar R$ 34,7 milhões à Voepass. A empresa regional alega que o montante é referente a pendências contratuais com a gigante aérea, com quem mantém parceria desde 2014.
A Latam, por sua vez, nega ser devedora e sustenta que o caso já está sendo discutido em arbitragem. A disputa judicial compromete ainda mais o caixa da Voepass, que contava com o repasse como uma injeção de fôlego financeiro.
Histórico e futuro incerto
Com sede em Ribeirão Preto (SP) e fundada em 1995, a Voepass é resultado da união entre a Passaredo Transportes Aéreos e a MAP Linhas Aéreas. Com histórico de atuação no mercado regional, a companhia agora tenta sobreviver em meio a um cenário adverso.
Apesar das dificuldades, Felício encerrou a carta aos funcionários com uma mensagem de esperança: “Nossa história de 30 anos é testemunha de nossa resiliência. Tenho certeza de que, com apoio da equipe e das comunidades que atendemos, sairemos deste período mais fortes.”
Representantes da companhia informaram ao portal g1 que estão tratando diretamente com os sindicatos para lidar com o processo de desligamentos.
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