O Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da USP repudiou nesta quinta-feira (10) um vídeo publicado por duas estudantes de medicina que comentavam, de forma pejorativa, o caso de Vitória Chaves da Silva, de 26 anos, paciente que passou por três transplantes cardíacos e faleceu em 28 de fevereiro.
No vídeo, que circulou nas redes sociais e depois foi removido, Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeira Soares Foffano, alunas de medicina, sugerem que os sucessivos transplantes teriam ocorrido por suposta negligência da paciente no uso das medicações. Elas afirmam, sem citar nomes, que a jovem teria rejeitado o segundo coração por não tomar os remédios corretamente. “Agora ela transplantou de novo, aceitou, mas o rim não lidou bem com as medicações”, diz Gabrielli na gravação.
Thaís Caldeira, por sua vez, comenta no vídeo: “Essa menina tá achando que tem sete vidas”. A fala foi duramente criticada por familiares e profissionais de saúde.
Em nota divulgada pelo site Metrópoles, o Incor declarou repúdio “veemente” ao conteúdo do vídeo, reforçando seu compromisso com a ética, a confidencialidade e o respeito ao paciente. O instituto afirmou ainda que “adotará todas as medidas cabíveis” quanto à conduta das estudantes, que fazem estágio no hospital.
A família de Vitória Chaves registrou um boletim de ocorrência e acionou o Ministério Público de São Paulo. A mãe da jovem, Cláudia Aparecida da Rocha Chaves, negou as alegações feitas pelas estudantes e disse que a filha “lutava para viver”.
“Ela nunca faltou numa consulta sequer. A gente tem um monte de ofício na Promotoria pedindo ajuda com medicação, com passagem para vir ao tratamento. Tudo o que ela queria era viver. Aí vem uma pessoa e diminui a história dela, eu não aceito. Quero Justiça”, declarou Cláudia ao Metrópoles.
Embora o vídeo não mencione diretamente o nome de Vitória, a descrição clínica compatível com o caso gerou indignação nas redes e entre profissionais da área da saúde, que destacam a importância da confidencialidade e do respeito à dignidade do paciente.
A Faculdade de Medicina da USP ainda não se pronunciou oficialmente sobre possíveis medidas disciplinares contra as estudantes. No entanto, o episódio reacende o debate sobre a formação ética de profissionais da saúde e a responsabilidade no uso das redes sociais.
Vitória Chaves da Silva ficou conhecida por sua luta pela vida e pela raridade de seu caso: realizar três transplantes de coração em tão pouco tempo. A jovem faleceu em fevereiro, nove dias após a divulgação do vídeo.
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