Após boicote no Brasil, Carrefour recua e reconhece 'grande qualidade' da carne brasileira

Grupo afirma que continuará comprando carne do Brasil para os supermercados no país, e carne da França para a operação francesa
Por: Brado Jornal 26.nov.2024 às 10h39
Após boicote no Brasil, Carrefour recua e reconhece 'grande qualidade' da carne brasileira
Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Grupo Carrefour global disse, nesta terça-feira (26), que reconhece a "grande qualidade" das carnes dos frigoríficos brasileiros e que, para a operação da rede de supermercados no Brasil, continuará optando majoritariamente pelas carnes produzidas nacionalmente.

No entanto, a companhia reforça que as redes do Carrefour na França vão continuar comprando carne dos produtores franceses, assim como já acontecia.

A nota é assinada pela assessoria de imprensa da empresa.

O Ministério da Agricultura e a Pecuária (Mapa) publicou uma nota nesta manhã afirmando que recebeu um pedido formal de desculpas, em uma carta assinada pelo CEO do Carrefour Global, Alexandre Bompard.

Na carta do Carrefour, a empresa também disse lamentar que sua comunicação "tenha sido entendida como um questionamento da nossa parceria com a agricultura brasileira e uma crítica a ela".

O Carrefour enfrenta uma série de boicotes de frigoríficos brasileiros após o seu CEO, Alexandre Bompard, afirmar que a rede deixaria de comprar carne do Mercosul para o mercado francês e a carne do bloco não atenderia às suas exigências e normas, em uma carta endereçada a um sindicado agrícola local.

Na carta, Bompard afirmou ter ouvido o "desespero e a indignação dos agricultores diante do projeto de acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul e o risco de inundação do mercado francês com carne que não atende às suas exigências e normas".

A decisão do Carrefour na França de não comprar a carne dos países do Mercosul foi tomada em meio a protestos do setor agrícola francês, que é contra o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia por acreditar que o tratado prejudicará a venda dos produtos europeus.

Já para a operação francesa, o Carrefour disse que continuará comprando a maior parte da carne dos produtores franceses — destacando que essa já era a prática do grupo, que se classifica como o "principal parceiro da agricultura francesa".

"Compramos quase exclusivamente a nossa carne francesa na França e continuaremos a fazê-lo. A decisão do Carrefour França não pretende alterar as regras de um mercado francês já amplamente estruturado em torno das suas cadeias de abastecimento locais", diz a nota.

O Carrefour ainda afirmou que "garante legitimamente aos agricultores franceses, mergulhados numa crise grave, a sustentabilidade do nosso apoio e das nossas compras locais".

A nota diz que o grupo tem "orgulho de ser o primeiro parceiro e promotor histórico da agricultura brasileira" e que conhece "melhor do que ninguém os padrões que a carne brasileira atende, sua alta qualidade e seu sabor".

"Continuaremos a promover os setores agrícolas brasileiros como temos feito no Brasil há quase 50 anos. Através do nosso desenvolvimento, contribuímos para o desenvolvimento dos produtores agrícolas brasileiros, numa lógica que sempre foi a da parceria construtiva".

O Carrefour afirmou, também, que nunca opôs a agricultura francesa à agricultura brasileira. "Os nossos dois países do coração têm em comum o amor à terra, à sua cultura e à boa comida".



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