Pantanal e Amazônia enfrentaram piores incêndios em quase 20 anos

Copernicus diz que altas temperaturas, seca prolongada e outros fatores contribuíram para o aumento da intensidade do fogo e seus efeitos na qualidade do ar
Por: Brado Jornal 23.set.2024 às 11h25 - Atualizado: 23.set.2024 às 11h27
Pantanal e Amazônia enfrentaram piores incêndios em quase 20 anos
Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

O Pantanal e a Amazônia enfrentaram seus piores incêndios em quase duas décadas, disse nesta segunda-feira (23) o Observatório Europeu Copernicus, com base no monitoramento feito pelo CAMS (sigla em inglês para Serviço de Monitoramento da Atmosfera do Copernicus).

“De acordo com os dados do CAMS, as emissões têm sido consistentemente acima da média (até mesmo quebrando recordes nacionais e regionais), principalmente devido aos incêndios florestais severos nas regiões do Pantanal e da Amazônia, impactando severamente a qualidade do ar em toda a região”, lê-se em comunicado (íntegra, em inglês – PDF – 2 MB) do observatório.

As emissões acumuladas em 2024 em todo o Brasil foram de 183 megatoneladas de carbono até 19 de setembro. O número, segundo o Copernicus, segue “um caminho semelhante ao ano recorde de emissões em 2007”.

“As emissões em setembro, até agora, foram responsáveis ​​por 65 megatoneladas desse total”, declarou o observatório europeu, acrescentando que essas emissões se devem, “em grande parte”, aos incêndios florestais da região amazônica.

Nessas regiões, “o total anual acumulado estimado de emissões de carbono é o mais alto nos 22 anos”. 

O ano de 2007 foi o que o Brasil mais registrou focos de incêndio. Foram mais de 939 mil. Até o domingo (22.set), o Brasil já registra 200.013 ocorrências do tipo.

Conforme o Copernicus, a ocorrência dos focos de incêndio em 2024 “pode ser considerada fora do comum, mesmo considerando que julho-setembro é o período em que os incêndios florestais normalmente ocorrem na região”.

Lê-se no comunicado: “As temperaturas extremamente altas que a América do Sul experimentou nos últimos meses, a seca de longo prazo indicada pela baixa umidade do solo e outros fatores climatológicos provavelmente contribuíram para o aumento significativo da escala das emissões de incêndios, fumaça e impactos na qualidade do ar”. 

O observatório europeu declarou que “os incêndios florestais e as emissões resultantes levaram à degradação da qualidade do ar em grande parte do continente”, com a coluna de fumaça se estendendo do Equador a São Paulo. 

Mark Parrington, cientista sênior do CAMS, disse que, em 2024, a atividade de incêndios florestais na América do Sul foi “marcadamente acima da média”, em especial na Amazônia e no Pantanal. 

“O transporte de fumaça teve um impacto muito além da vizinhança de onde os incêndios estavam queimando, chegando até mesmo ao outro lado do Atlântico. A escala do transporte de fumaça e os impactos na qualidade do ar são um indicador da escala e intensidade dos incêndios. É fundamental continuar monitorando esses incêndios florestais e suas emissões para rastrear seu impacto na qualidade do ar e na atmosfera”, afirmou. 

O Brasil encerrou o mês de agosto de 2024 com o pior número de queimadas em 14 anos. Foram 68.635 ocorrências –o 5º maior número da série histórica, iniciada em 1998. Foi uma alta de 144% em relação ao mesmo período de 2023.

Setembro já ultrapassou a quantidade de focos de incêndio de agosto e é, até o momento, o pior mês deste ano quanto ao número de queimadas. O mês acumula 72.962 focos de incêndio.



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