Avião que caiu em Vinhedo operava sem gravar 8 informações da caixa-preta

Análise das consequências da falta de registros na caixa-preta do avião da Voepass que caiu em Vinhedo e o impacto na investigação de acidentes aéreos
Por: Brado Jornal 13.ago.2024 às 10h58
Avião que caiu em Vinhedo operava sem gravar 8 informações da caixa-preta

Na última sexta-feira (9), um avião da Voepass caiu em Vinhedo, interior de São Paulo, deixando 62 vítimas. Este trágico acidente levantou questões importantes sobre a operação e monitoramento das aeronaves, principalmente no que se refere à regulamentação de registro de dados de voo.

A aeronave, um modelo ATR 72-500, operava sob uma licença temporária concedida pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Esta licença permitia que a companhia aérea deixasse de registrar diversas informações operacionais na caixa-preta. A isenção, em vigor desde 1° de março de 2023 e válida até setembro de 2024, suscitou controvérsias no campo da segurança aérea.

O Regulamento Brasileiro de Aviação Civil (RBAC nº 121) exige que 91 parâmetros sejam registrados durante os voos. No entanto, a licença especial concedida à Voepass permitia a isenção de oito dessas informações cruciais para o modelo ATR 72-500. Entre os dados não registrados estavam:

  • Frequências selecionadas em Nav 1 e Nav 2
  • Pressão do freio (sistema selecionado)
  • Aplicação do pedal do freio (direito e esquerdo)
  • Pressão hidráulica (cada sistema)
  • Posição do comando do compensador de arfagem na cabine
  • Posição do comando do compensador de rolamento na cabine
  • Posição do comando do compensador de direção na cabine
  • Todas as forças de comando dos controles de voo da cabine (volante, coluna e pedais)


A ausência desses registros gera dificuldades práticas durante a investigação de acidentes aéreos. O piloto e engenheiro aeronáutico Jorge Leal Medeiros aponta que, sem essas informações, é mais complicado determinar a causa exata de um acidente e implementar mudanças necessárias para evitar futuras tragédias. No caso do voo 2883, os dados perdidos poderiam ter fornecido insights valiosos sobre a funcionalidade dos sistemas de freios e a atuação do piloto no momento da queda.


A falta de dados completos em uma caixa-preta tem vários impactos negativos:

  • Compromete a precisão das investigações.
  • Reduz a eficácia em identificar e corrigir possíveis falhas técnicas ou humanas.
  • Impacta na confiança e segurança dos passageiros e tripulação.


Por exemplo, a não gravação das forças de comando dos controles de voo significa que não é possível determinar se o piloto estava manejando os controles corretamente ou se houve algum problema técnico específico.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a Voepass foram contatadas para esclarecer a concessão dessa licença temporária e os motivos por trás dela. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), responsável pela investigação dos acidentes e análise das caixas-pretas, também foi procurado para destacar a importância dessas informações para o caso em questão.

Este acidente trágico em Vinhedo sublinha a necessidade crítica de registrar todas as informações possíveis em caixas-pretas para garantir uma investigação precisa e, principalmente, para melhorar a segurança em voos futuros. Sem esses dados, corrigir erros e prevenir novos acidentes se torna um desafio ainda maior.



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