O secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, já foi investigado por 16 homicídios ocorridos durante operações policiais das quais participou, segundo reportagem da revista Piauí publicada nesta sexta-feira. O levantamento sobre o secretário do governo Tarcísio de Freitas foi feito com base na certidão criminal de Derrite, apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quando concorreu a deputado federal.
Com os números dos seis inquéritos, a revista pediu os desarquivamentos dos processos e descobriu que o atual secretário participou de intervenções que somaram dez homicídios, num período de apenas 3 anos e 9 meses. Um sétimo inquérito que não consta da certidão criminal entregue ao TSE — a investigação de uma operação que ele comandou — terminou com mais seis mortes, além de três policiais militares presos por tortura e assassinato.
Não significa, entretanto, que Derrite tenha matado 16 pessoas, uma vez que os inquéritos nem sempre apontam o autor do disparo fatal. O levantamento mostra que o secretário de Segurança estava presente nas ações policiais que resultaram nesse saldo de mortes. Derrite foi investigado em todos esses sete inquéritos, mas nunca foi denunciado.
Segundo a Piauí, os documentos revelam um padrão na dinâmica dos homicídios. Em todos os casos, as vítimas atiram contra os policiais, mas nunca acertam. Também são atingidas em órgãos vitais, como coração ou pulmão. Os suspeitos sempre são homens e já tinham, à exceção de uma vítima cujo histórico policial não foi confirmado, ficha por roubo ou uso de drogas. Quase nunca havia testemunhas civis dos ocorridos.
Em nota, o secretário de Segurança Pública lamentou “que as acusações infundadas, colocadas a partir da denúncia de um criminoso que cumpre pena neste momento, tenham espaço”.
'Eu sou a morte'
A reportagem aponta ainda que o secretário de Tarcísio teria feito parte de um grupo de extermínio de Osasco chamado "Eu Sou a Morte". A denúncia foi feita com base em depoimentos à Defensoria Pública do Estado de São Paulo de Wallace Oliveira Faria, condenado a 102 anos de prisão, sentença que cumpre no presídio de Tremembé, no interior paulista. Nos depoimentos, Faria confessou que fazia parte de um grupo de extermínio de Osasco, na Região Metropolitana de São Paulo, cujas operações eram do conhecimento de Derrite. “Tudo o que a gente ia fazer avisava o Derrite. Ele tinha comando total”, disse.
O grupo era composto por dois batalhões da PM 42º e 14º, segundo a revista. Derrite era membro do 14º Batalhão, de onde saiu para integrar a Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), grupo de elite da PM.
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