Em requerimentos protocolados na Câmara Federal, deputados estão questionando o Ministério do Meio Ambiente sobre as razões do desmatamento recorde nos três primeiros meses do governo Lula.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, no primeiro trimestre, 1,4 mil quilômetros quadrados (km²) da área do cerrado foram destruídos. A Amazônia, segundo o Inpe, teve a segunda maior destruição da história, com 845 km² devastados.
A ministra Marina Silva já chegou a dizer que havia “revanchismo” e, depois, culpou diretamente a administração de Jair Bolsonaro por um problema que se mostra no governo Lula. Ela afirmou que desde 2016 muitos fiscais ambientais foram demitidos e que não tem condições de fazer uma fiscalização eficiente.
O deputado Hélio Lopes (PL-RJ) citou os dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), semelhantes aos do Inpe, que mostram o desmatamento de uma área de 863 km² na Amazônia. Isso equivale a mil campos de futebol. “Ambientalistas que passaram o governo Bolsonaro todo acusando-o de descuidar da Amazônia, agora ficam calados, não cobram um posicionamento do desgoverno. Está liberado desmatar agora?”, questiona Lopes, na justificativa do Requerimento 1005/2023.
Segundo o Imazon, o recorde de desmatamento, em março, ocorreu no Estado do Amazonas. “No Estado, a destruição da floresta passou de 12 km² em março de 2022, época do governo Bolsonaro, para 104 km² no mesmo mês deste ano, uma alta de 767%. Ao todo, o Estado concentra 30% de toda a devastação na região em março”, escreveu o deputado, citando Imazon.
“Quando analisamos as categorias de territórios onde está ocorrendo o desmatamento na Amazônia, o Amazonas também tem sido destaque negativo em relação aos assentamentos e às terras indígenas”, afirma Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.
Segundo o instituto, em março, seis dos dez assentamentos e quatro das dez terras indígenas mais desmatados na região ficam no Amazonas. “Qual é o motivo desse desmatamento, principalmente nessas regiões? O governo já tomou alguma ação, está monitorando?”, questiona Lopes.
O deputado Gustavo Gayer (PL-GO) também protocolou requerimento para obter informações de Marina Silva. “O aumento no desmatamento da Amazônia é preocupante não só pelos impactos ambientais, mas também pelos impactos sociais e econômicos a longo prazo”, afirmou, na justificativa do Requerimento 1008/2023. “Quais medidas emergenciais estão sendo realizadas para conter a urgência do desmatamento, que avança sem limites, e quais são as medidas que estão sendo adotadas para reverter essa tendência definitivamente?”, questiona.
O deputado Pedro Aihara (Patriotas-MG), entre outros questionamentos, quer saber “qual a justificativa para essa tão significativa alta nesses números” e “quais medidas efetivas o ministério tem feito e que irá fazer para coibir essa destruição”.
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