A Globo iniciou em 1993 um grande plano para se tornar a maior provedora de internet do país. Para isso, fez parceria com Bradesco, Telecom Itália e até com o grupo dono da CSN para comprar ações de empresas de telefonia.
A tentativa de reposicionamento da empresa estava ligada à mudança gerada pela chegada da internet. Na época, o grupo recebia cerca de 76% da verba publicitária destinada à TV brasileira.
O plano incluiu a venda de 12% da companhia para a Microsoft em 1999, e uma participação ativa no processo de privatização da Telebrás. Contudo, as regras da Agência Nacional de Telecomunicações (ANP) sobre funcionamento do mercado de cabo e internet acaram atrapalhando um pouco a estratégia.
Apesar de uma base com cerca de 4,5 milhões de assinantes, a empresa perdeu 70& do seu valor entre 1993 e 1999. O aumento da dívida da casa dos milhões para o patamar dos bilhões foi impulsionado especialmente pela desvalorização do real.
A decisão da Globo for por se desfazer dos ativos em telefonia e focar em conteúdo. Seu principal negócio se transformou nos canais de TV por assinatura que faziam parte do contrato com a Microsoft, e em 2000 a empresa lançou a Globo.com.
Equilíbrio
Em meio à bolha da internet, as ações da empresa dispararam na bolsa de valores norteamericana, e foi nessa época que o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) tornou-se seu sócio.
A entrada do banco veio para equilibrar os investimentos errados que engordaram as dívidas do grupo, que por fim deixou de lado a área de provedores. Ainda hoje, a empresa tenta se tornar menos dependente da TV Globo e se adaptar às novas tendências, neste caso, o streaming.
Mesmo com investimentos de R$ 1 bilhão por ano, a GloboPlay ainda enfrenta dificuldades e detém apenas 7% de participação no mercado. As maiores fatias do bolo seguem sendo de Netflix (32%) e Amazon Prime (22%).
Dólar e dívida
O grupo possui um caixa sólido de R$ 12,8 bilhões desde o início dos anos 2000, enquanto sua dívida é calculada em dólares. Foi justamente a diferença entre os juros do que tem guardado e do que deve que impactou seu balanço nos últimos anos.
A desvalorização do real resultou em uma reversão do lucro para prejuízo em apenas seis anos. Em 2015, a empresa registrou R$ 3,1 bilhões de lucro, mas em 2021 terminou o ano com prejuízo de R$ 174 milhões.
Esse possivelmente é o principal responsável pelo resultado, já que o corte nas de verbas federais respondeu por apenas 3% de queda na receita da empresa. O valor é semelhante ao que a Globo perde com transmissão do horário eleitoral gratuito.
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