PGR quer ouvir ex-presidentes da Petrobras e do BB sobre suposta interferência de Bolsonaro

Lindôra Araújo argumenta que o depoimento dos dois é necessário para melhor compreender os fatos trazidos aos autos
Por: Brado Jornal 05.jul.2022 às 14h49
PGR quer ouvir ex-presidentes da Petrobras e do BB sobre suposta interferência de Bolsonaro
Divulgação

Áudios que indicam possível interferência do presidente Jair Bolsonaro (PL) na Petrobras viraram alvo de investigações. Depois de um pedido enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Procuradoria-Geral da República (PGR) decidiu ouvir os ex-presidentes da petroleira e também do Banco do Brasil. Na decisão de quatro páginas, a vice-presidente da PGR, Lindôra Araújo, argumenta que o depoimento dos dois é necessário para melhor compreender os fatos trazidos aos autos.

“Se faz necessária a prestação de informações complementares a fim de formar um acervo minimamente seguro para o posicionamento do Ministério Público a respeito da possibilidade de instauração de uma investigação criminal com alguma plausibilidade probatória e empiricamente justificável”, declarou Lindôra. A intenção é saber o teor dos áudios e mensagens de texto. De acordo com um pedido que pode virar denúncia criminal, o ex-presidente da Petrobras Roberto Castello Branco e o ex-presidente do Banco do Brasil Rubem Novaes trocaram acusações por mensagens e indicaram uma possível interferência do presidente dentro da Petrobras.

Segundo o documento enviado ao STF, a PGR quer esclarecer: o teor e quais mensagens do celular corporativo de Castello Branco poderiam incriminar Bolsonaro; quais datas, contextos e circunstâncias elas foram encaminhadas ou recebidas e explicar por qual motivo elas não foram apresentadas às autoridades competentes na primeira oportunidade possível.

Sobre Rubem Novaes, a PGR quer saber: todo o histórico de contatos com o ex-presidente da Petrobras; a natureza da conversa travada entre os dois; se ele conhece ou consegue detalhar as mensagens; os supostos delitos aos quais Castello Branco teria se referido na conversa e onde entra a participação ou direcionamento do presidente da República Jair Bolsonaro.

Parte das conversas entre Castello Branco e Novaes vazaram e o ex-presidente da Petrobras afirma que: “Se eu quisesse atacar o Bolsonaro não foi e não é por falta de oportunidade. Toda vez que ele produz uma crise, com perdas de bilhões de dólares para seus acionistas, sou insistentemente convidado pela mídia para dar minha opinião. Não aceito 90% deles [convites] e, quando falo, procuro evitar ataques. No meu celular corporativo tinha mensagens e áudios que poderiam incriminá-lo. Fiz questão de devolver intacto para a Petrobras”.

Durante a discussão, Castello Branco também chamou o presidente Jair Bolsonaro de “psicopata” e faz fortes acusações. “Se eu tivesse feito o que ele [Bolsonaro] queria eu estaria lá [na presidência da Petrobras] até hoje. Se eu tivesse feito o que o presidente queria aí sim, quem estaria cometendo crime seria eu”. Ao final da discussão, o ex-presidente da estatal disse que, caso as mensagens fossem recuperadas, ficará claro que ele não atendeu aos supostos pedidos de interferência do presidente da República.

Rubens Novaes também teve pedido de depoimento solicitado pela vice-procuradora-geral da República e a pressão sobre o caso aumentou depois que o senador Randolfe Rodrigues pediu para averiguar suspeitas de interferência do presidente da República na Petrobras. O ministro do STF, Luís Roberto Barroso pediu uma apuração por parte da PGR, a apreensão dos celulares de Rubem Novaes e Castello Branco e uma perícia mais rigorosa para recuperar todas as mensagens dos dois executivos.



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