A Polícia Federal (PF) informou nesta segunda-feira, 20, que recuperou na noite deste domingo, 19, a lancha na qual viajavam o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira quando desapareceram na Amazônia antes de serem assassinados com tiros na cabeça e no tórax. “A embarcação será submetida nos próximos dias aos exames periciais necessários, de modo a contribuir com a completa elucidação dos fatos”, afirmou a PF em nota. Segundo o comunicado, a lancha foi encontrada a “20 metros de profundidade, emborcada com seis sacos de areia para dificultar a flutuação, a uma distância de 30 metros da margem direita do rio Itacoaí”.
Jeferson da Silva Lima, conhecido como “Pelado da Dinha”, o terceiro suspeito do crime que se entregou no sábado, 18, foi quem indicou a localização da lancha. Além da embarcação, coberta por lodo, as autoridades informaram a descoberta de um motor de barco e quatro tambores pertencentes a Pereira. A PF também identificou outras 5 pessoas suspeitas de terem “participado da ocultação dos cadáveres”, encontrados na quarta-feira, 15. Amarildo da Costa de Oliveira, o primeiro suspeito preso, admitiu ter enterrado os corpos de Phillips e Pereira.
As vítimas foram vistas pela última vez em 5 de junho, quando embarcaram rumo a Atalaia do Norte, no Vale de Javari, uma região perigosa devido à atividade de traficantes de drogas, além da pesca e mineração ilegais. Segundo as autoridades policiais, nesta etapa da investigação os indícios sugerem que os assassinos atuaram sem o apoio de uma organização criminosa. A União dos Povos Indígenas do Javari (Univaja), cujos membros participaram ativamente da investigação, rejeita esta versão.
Segundo a organização, os assassinatos foram planejados por uma poderosa organização criminosa. Representantes da Univaja devem se reunir esta semana em Brasília com membros do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Comissão de Constituição e Justiça do Parlamento, para pressionar as autoridades para que a Policia Federal desempenhe seu papel na investigação, segundo uma nota da entidade. Vários especialistas indicam que a pesca ilegal de espécies ameaçadas no Vale do Javari é em sua maior parte controlada por traficantes que usam a atividade para lavar dinheiro da venda de drogas.
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