"Trump Pump": presidente americano revela plano de reserva de Bitcoin, mas enfrenta críticas de aliados

Apesar disso, a proposta gerou reações inesperadamente negativas entre figuras influentes do universo cripto e tecnológico.
Por: Brado Jornal 05.mar.2025 às 09h46
Jon Cherry / Getty Images file

No último domingo (3), o presidente Donald Trump declarou que irá liderar a formação de uma reserva estratégica de criptomoedas, incluindo Bitcoin, Ethereum, XRP, Solana e Cardano. Ele defendeu a iniciativa como um passo para “posicionar os EUA como a Capital Mundial das Criptomoedas”, ecoando compromissos de campanha de se tornar o líder mais favorável ao setor na história do país.

Apesar disso, a proposta gerou reações inesperadamente negativas entre figuras influentes do universo cripto e tecnológico. As críticas se concentram na escolha de incorporar outras moedas além do Bitcoin e no questionamento se a intervenção estatal na compra de criptoativos viola os princípios de um mercado livre.

Brian Armstrong, CEO da Coinbase e o americano mais rico do ramo, com uma fortuna estimada em US$ 9,6 bilhões (R$ 56,45 bilhões), usou o X para afirmar que a reserva deveria se limitar ao Bitcoin, considerando-o o “verdadeiro sucessor do ouro” para o governo. Já Joe Lonsdale, bilionário cofundador da Palantir — empresa de defesa voltada para inteligência artificial e apoiadora de Trump —, foi mais duro. Em resposta ao tuíte do presidente, classificou a ideia como um “plano de cripto bros” e disse que financiar uma reserva assim não reflete o “papel principledo do governo”.

A resistência também veio de aliados próximos, como os ligados a David Sacks, escolhido por Trump como “czar das criptomoedas”. Jason Calacanis, colega de Sacks no podcast “All-In”, do Vale do Silício, chamou a medida de “Trump Pump” e sugeriu que seria um “esquema louco de enriquecimento”. Jeff Park, estrategista da Bitwise — gestora de fundos de cripto que recebeu investimentos iniciais da empresa de Sacks —, criticou a inclusão de moedas além do Bitcoin como um “grave equívoco político” de Trump.

O impacto no mercado cripto

O anúncio impulsionou os preços das cinco criptomoedas citadas por Trump. O Bitcoin, por exemplo, saltou mais de 10%, saindo de cerca de US$ 85 mil (R$ 499,8 mil) para acima de US$ 95 mil (R$ 558,6 mil). Porém, a euforia durou pouco: no fim da tarde, a moeda recuou para menos de US$ 86 mil (R$ 505,68 mil), refletindo a cautela dos mercados após novas declarações de Trump sobre tarifas.

Dados da CoinGecko mostram que, entre o pico de domingo e a mínima de segunda-feira, o mercado global de criptoativos perdeu 11%, equivalente a US$ 340 bilhões (R$ 2 trilhões).

A recepção na comunidade cripto foi dividida. Analistas da Bernstein, referência no setor de ativos digitais, apontaram em relatório que a reserva levanta “dúvidas significativas não respondidas”, como a divisão dos recursos entre os tokens, a legalidade da iniciativa e, principalmente, sua fonte de financiamento. Liderados por Gautam Chhugani, eles alertaram que usar o Federal Reserve ou o Tesouro para comprar criptomoedas além do Bitcoin será uma “tarefa árdua”. Ainda assim, mantiveram otimismo, projetando o Bitcoin a US$ 200 mil (R$ 1,176 milhão), destacando que “os críticos podem reclamar, mas o impacto é inegável”.

Contradições e reações

Internautas recuperaram um post de 2021 de David Sacks, onde ele parecia rejeitar a ideia de uma reserva estatal de criptomoedas, afirmando que “o governo como alocador de capital favorece interesses especiais com lobby, não inovação”. A incoerência gerou debate.

A QCP Capital, de Singapura, também criticou o timing do anúncio, associando-o à recente queda em ativos de risco. Em nota, a empresa sugeriu que Trump buscava um “triunfo político” para sustentar sua popularidade, que considera um termômetro crucial.

Vale lembrar que o setor cripto injetou cerca de US$ 135 milhões (R$ 793,8 milhões) nas eleições de 2024 via Fairshake e afiliados. Gigantes como Coinbase e Ripple Labs doaram cerca de US$ 45 milhões (R$ 264,6 milhões) cada, enquanto a Andreessen Horowitz contribuiu com mais de US$ 20 milhões (R$ 117,6 milhões). Bilionários como Brian Armstrong, Marc Andreessen e os irmãos Winklevoss, da Gemini, investiram ao menos US$ 1 milhão (R$ 5,88 milhões) individualmente, muitos deles apoiadores declarados de Trump.



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