O aparecimento da sucuri de 7 metros que surpreendeu banhistas de Itacaré, no último sábado (11), não foi um caso isolado. As fortes chuvas têm contribuindo para que os animais apareçam longe dos seus habitats naturais.
"Essas cobras não vivem aqui na cidade de Itacaré, elas vivem no Rio de Contas, na região de Ubaitaba, a uns trinta quilômetros daqui, rio acima. E como está chovendo muito, as comportas da barragem do município são abertas e desce um volume de água muito grande. Com essa água, descem as baronesas, aquelas plantas aquáticas, que levam os animais junto, inclusive as sucuris", conta o biólogo Arnaldo Faustino dos Santos, que ajudou no resgate da segunda cobra que apareceu no domingo (12), em outra praia do município.
Ele conta que não é algo incomum surgirem sucuris na cidade em períodos de chuva, mas este ano os aparecimentos foi atípico, uma vez que foram "duas cobras muito grandes", dentre 5 e 7 metros de comprimento. Os animais foram resgatados e encaminhados para o serpentário de Serra Grande, onde recebem os cuidados necessários.
Arnaldo ainda comenta que, em sua formação como biólogo, acabou se apaixonando por cobras e sempre auxílio no resgate daquelas que são encontradas passeando muito longe de casa. "Quando é uma cobra que vive aqui em Itacaré como uma jiboia, uma caninana, a gente pega e solta ela na mata. Mas quando é uma sucuri não é bem assim, elas demandam todo um cuidado especial e tem que ter um local adequado pra soltura. Eu já não faço isso", diz.
Ele conta que, como não é possível encaminhar os animais para órgãos como o IBAMA ou INEMA, todos as serpentes acabam indo para o Núcleo de Serra Grande, que cuidam do animais os devolvem para a natureza, quando prontos.
Mas o trabalho de localizar e resgatar essas cobras não é fácil. Biólogos e voluntários da cidade se reúnem quando podem e conseguem fazer a remoção das cobras com segurança. Além das duas maiores, outras duas sucuris menores foram encontradas em Itacaré nesta semana, uma delas morta. "Como aqui tem alguns biólogos, a própria comunidade se organiza e faz o que deve ser feito. A gente está formando até um grupo para essas ocasiões. Um grupo de resgate de animais silvestres, especificamente de cobra", conclui Arnaldo.
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