A Argentina recebeu nesta terça-feira (15) um aporte de US$ 12 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI), o que representa 60% do total de US$ 20 bilhões acordados com o organismo internacional. A injeção de recursos impulsionou as reservas brutas do país para US$ 36,8 bilhões, o maior patamar desde abril de 2023. A informação foi divulgada pelo jornal argentino Clarín.
O desembolso marca um momento crucial para a economia argentina, coincidindo com o segundo dia de vigência do novo regime cambial, que prevê bandas de flutuação e maior flexibilidade no câmbio após seis anos de rígidos controles monetários.
Nova fase econômica sob Milei
Desde que assumiu a presidência em dezembro de 2023, Javier Milei (La Libertad Avanza) tem promovido uma agenda econômica liberal, com cortes de gastos, ajuste fiscal rigoroso e reformas estruturais. As medidas têm gerado protestos, como a greve geral de 24 horas convocada por sindicatos na semana passada, mas também têm sido bem vistas por organismos internacionais como o FMI.
Com o novo aporte, as reservas líquidas passaram a US$ 4,6 bilhões, revertendo o déficit de US$ 7 bilhões registrado até recentemente — um dos principais pontos de preocupação do FMI.
“O objetivo é enfrentar as necessidades da balança de pagamentos e dar suporte à transição para um regime de câmbio mais flexível”, afirmou o FMI na análise do programa.
Novo câmbio e estabilização do dólar
Dentro do novo regime, o governo estabeleceu uma banda cambial entre 1.000 e 1.400 pesos por dólar, abandonando a política de desvalorização mensal fixa de 1%. No segundo dia de funcionamento, o dólar oficial foi cotado a 1.233,89 pesos (venda), dentro da faixa estabelecida e abaixo do dólar paralelo, que chegou a 1.400 pesos recentemente.
O Banco Central da Argentina pode intervir dentro da faixa para conter volatilidade anormal, embora não tenha atuado diretamente no câmbio nos primeiros dias do novo modelo.
Próximos passos e mais recursos
O acordo com o FMI prevê ainda:
Ao todo, o governo espera que US$ 15,5 bilhões adicionais entrem nas reservas nos próximos dias, fortalecendo a capacidade de resposta frente à crise.
Meta: US$ 9 bilhões em reservas líquidas até o fim de 2025
O compromisso firmado com o FMI inclui acumular US$ 9 bilhões em reservas líquidas até dezembro de 2025, sem contar os aportes externos, além de manter superavit fiscal e emissão monetária zero — pilares da estratégia de Milei para restaurar a confiança do mercado.
Apesar do reforço financeiro, o FMI alertou que as reservas líquidas argentinas ainda estão em nível “extremamente fraco”, em um contexto agravado pelo déficit comercial e pelas incertezas sobre a política cambial.
A Argentina, que possui um histórico turbulento com o FMI e é um dos maiores devedores da instituição, tenta agora consolidar um novo capítulo de credibilidade econômica internacional.
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