Como eu disse há mais de um mês, é impossível o Marçal perder essa eleição. Só perde se o nome dele não for para a urna, como o sistema está mostrando que fará. Isso não é campanha para o Pablo Marçal, mas a constatação de tendências óbvias, nem tanto sobre ele, mas sobre a sucessão de erros cometidos pelos coronéis da direita em São Paulo, em apostar em um cavalo que matematicamente todos já sabiam perdedor, o Ricardo Nunes.
Essa eleição vai mudar completamente a direita no Brasil. Estejam preparados. Não por que Marçal surge como uma nova liderança (não acredito que haverá uma direita marçalista), o papel dele não será substituir Bolsonaro (um medo ridículo do clã que fez com que tomassem as decisões mais merdas), mas abrir, como já abriu, uma avenida dentro da direita, um novo espectro de possiblidade, de surgimento de lideranças e movimentos que, sem precisar ser contra Bolsonaro, podem ser independentes do beija-mão com que Eduardo tem manter sua proeminência no movimento. Uma direita que apoia Bolsonaro, mas que não precisa estar amarrada às suas decisões catastróficas, às suas alianças esdrúxulas com o sistema, com a oligarquia, uma direita que não precisa se integrar ao teatro das tesouras (vejam quem é o coordenador da campanha do Nunes e vão entender pq todo esse empenho em mostrar serviço a favor do prefeito) para continuar existindo. Dessa eleição, o bolsonarismo sairá mais consolidado como força política dentro do sistema, terá cargos, amigos importantes no judiciário, favores a serem cobrados oportunamente, etc, mas sairá diminuído eleitoralmente, e definitivamente mudado, com outra face, outro jeito de fazer política, outro estilo, e o Nunes e os grupos que ele representam são a nova fase do bolsonarismo.
A direita ainda vai quebrar a cabeça por um tempo até descobrir para onde vai - e provavelmente irá para vários lugares diferentes em suas várias tendências - mas essa avenida aberta por Marçal proporcionou uma necessária e benéfica arejada, entrou ar novo, sacudiu a poeira. Sei que tem gente preocupada, mas acalmem-se, seja quem for o prefeito de Sao Paulo, isso passará, mas direita continuará além desse mandato.
Por Silvio Grimaldo - Cientista político.
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