Quando celebramos atualmente o Natal, miseravelmente boa parcela dos cristãos lembra mais do Papai Noel que de Nosso Senhor Jesus Cristo, cuja memória é vilipendiada e cujo senhorio é insultado como se tais atitudes representassem virtudes das mais elevadas. Se os cristãos soubessem que a figura histórica que dá origem ao chamado "Bom Velhinho" foi um corajoso bispo católico oriental chamado Nicolau de Mira - nascido em data não determinada no século III e falecido em 6 de dezembro de 350 d.C - e se inspirassem em seus exemplos, não permitiriam tais insultos.
Se trouxéssemos a história aos tempos de hoje, com os seus jargões, poderíamos dizer que São Nicolau não era, definitivamente, "politicamente correto". Homem fervoroso, o verdadeiro "Bom Velhinho" era notabilizado por sua bondade e por sua santidade de vida, mas jamais por leniência com o erro. Embora seja famoso o episódio em que Nicolau de Mira salvou três jovens da prostituição ao doar parte de sua fortuna como dote para o casamento delas, outro fato menos divulgado retrata essa coragem do santo.
Era o ano 325, e Nicolau foi um dos padres apostólicos que participaram do Concílio de Niceia, quando foi condenada a heresia do arianismo que negava a divindade de Cristo. Naquele concílio ecumênico que definiu a primeira parte do Credo Niceno-constantinopolitano que rezamos ainda hoje nas missas solenes, o herege bispo Ário desonrava com suas afirmações a pessoa divina de Cristo e a maternidade divina de Maria Santíssima, Nossa Senhora.
Os escritos de Ário, como lembra o historiador Daniel-Rops, autor da coleção "História da Igreja de Cristo", causaram grande revolta nos bispos reunidos. "Os erros mostraram-se tão patentes que uma onda de indignação sacudiu todos aqueles homens fervorosos", relata Daniel-Rops. Foi então que São Nicolau, ao ouvir as ofensas contra Jesus Cristo e Nossa Senhora e cansado a insolência do bispo Ário, confrontou o heresiarca e desferiu contra ele um bofetão no rosto.
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